outubro / 2009
Cruze à venda na Coréia do Sul. Modelo virá ao Brasil em breve (Wikipedia).
A foto acima mostra um dos carros mais importantes do grupo GM no mundo atualmente. O Chevrolet Cruze, modelo de porte médio para os padrões brasileiros, já foi lançado na Coréia do Sul e terá diferentes missões dependendo de onde for vendido.
Nos EUA, onde deverá chegar por volta do verão local de 2010 (entre junho e setembro), rivalizará com os compactos (por lá) e bem sucedidos Honda Civic e Toyota Corolla, além de outros destaques na categoria, como Ford Focus, VW Jetta e Hyundai Elantra.
Na Europa, será lançado como opção mais em conta ao novo Opel Astra, já que ambos possuem o mesmo porte e até mesmo a plataforma é igual, a chamada Delta 2, mas a Opel é percebida como uma marca mais requintada no velho continente. Além disso,o grupo GM não quer começar uma briga doméstica.
No Brasil, deverá substituir de uma só vez os médios Astra e Vectra em breve, uma vez que o primeiro é um veterano modelo que resiste às custas da relação custo x benefício e o segundo é o Astra europeu Astra H simplificado, que acaba de sair de linha por lá. O Astra J, seu substituto natural, ficaria muito sofisticado e caro para vir ao país.
Lateral do modelo revela linhas robustas (Wikipedia).
A situação da GM nos EUA é bastante delicada. Financeiramente, a empresa já recebeu inúmeros empréstimos, principalmente do governo local, que chegou a adquirir mais da metade das ações da empresa para que ela não fechasse as portas. Além disso, sua linha de veículos parece não empolgar o consumidor final, exceto pelas picapes e SUVs, segmentos nos quais a empresa ainda tem força.
Há muito tempo, a GM vem prometendo aos consumidores dos EUA um carro compacto (médio aos nossos padrões) realmente competitivo, pois o actual Cobalt vendido por lá (que nunca chegou ao Brasil) não vingou como deveria. A empresa lançou sob a marca Saturn o Opel Astra H europeu, mas apenas na versão hatchback - nosso extinto Vectra GT. Será que o Cruze enfrentará de igual para igual concorrentes tão fortes?
Traseira nao inova nem decepciona.(Wikipedia)
Analisando ponto a ponto e começando pelo visual, o Cruze não decepciona. Apesar das linhas tradicionalmente coreanas, a linha de cintura alta e a grade dianteira ajudam a transmitir robustez. Falando na dianteira, ela mantém o padrão atual da marca, mas com muito mais harmonia que o Agile, por exemplo. A traseira alta e curta ajuda a acentuar certa esportividade. No fim das contas, o desenho geral, em nossa opinião, ficou melhor que o atual Corolla e Focus sedã, está no mesmo nível do atual Jetta e perde do atual Civic.
Ao entrar no carro, nota-se que o painel de instrumentos tem muitas informações um pouco concentradas demais, mas à noite, os tons azulados das informações e avermelhados dos ponteiros acesos causam uma excelente impressão.
Interior é atual e bem resolvido.(Wikipedia)
O console central é muito bem projetado e executado, com boa ergonomia e ótimo acabamento. Falando em acabamento, o plástico geral é macio ao toque, causando boa impressão. O desenho geral do interior é de ótimo gosto. O espaço interno está dentro da média do segmento.
Na parte mecânica, a Chevrolet oferece no Cruze apenas opções de motores quatro cilindros, sempre acoplados a cinco velocidades quando a opção é de câmbio manual e seis velocidades na transmissão automática.
O interessante motor 2.0 turbo diesel rende 125cv e 300Nm, mas não chegará por aqui. Já os motores 1.6 e 1.8 16V são os bons e velhos família 1, mas em sua terceira geração. Enquanto o primeiro rende 116cv e 155Nm, o segundo atinge 145cv e 185Nm, sendo este o maior cotado a vir ao Brasil sob o capô do Cruze, mas não será surpresa vermos uma versão de entrada com o motor menor. Para o mercado norte americano, é previsto um motor 1.4 à gasolina com turbo e injeção direta, prometendo um consumo bem razoável e um desempenho satisfatório, acima do que o 1.8 pode entregar. O downsizing vai ganhando força também entre os compactos e médios!
Tendo como base diversas publicações mundo afora, o substituto de Astra e Vectra possui um bom acerto de suspensões, privilegiando mais a estabilidade que o conforto, aproximando o comportamento encontrado em Jetta e Corolla, um pouco mais confortável que o do Civic, mas ainda distante do Focus e seu acerto estável e confortável em medidas irretocáveis.
Como mencionamos no início do texto, a plataforma do Cruze é a chamada "Delta 2", compartilhada com os Chevrolet Volt e Orlando, com os Opel Astra J, Zafira C e Ampera, com os Buick Verano e Excelle XT e finalmente com o Daewoo Lacetti. Um enorme leque de tipos de carrocerias que é um forte indício de que variantes do Cruze surgirão com o tempo, como um hatchback e quem sabe até uma station wagon ou crossover.
Com toda pesquisa que fizemos, já deu para se ter uma impressão geral do carro. É produzido na Coréia do Sul para abastecer o mercado local, demais mercados asiáticos e Europa. Futuramente será produzido nos EUA para abastecimento local e Canadá, além de Brasil ou Argentina para abastecer o Mercosul.
Por aqui, significará uma reorganização geral da marca nesta categoria uma vez que, desde o fim do Vectra B em 2005, os carros médios da marca se resumem ao Astra H de 1998 e novamente Astra, só que na geração J de 2004. A plataforma Delta 2 trará competitividade técnica à marca na categoria, algo que nem Astra ou Vectra conseguem entregar atualmente. Não que sejam carros ruins, mas a concorrência avançou mais rapidamente.
Apesar de não descartarmos, seria uma grande surpresa se a Chevrolet fossem além e trouxesse o novo Opel Astra Europeu para ficar acima do Cruze, o que nos faria imaginar a volta dos tempos dourados da Chevrolet dos anos 90. Sinceramente, é mais fácil que isso não aconteça, mas o que certamente acontecerá é uma reorganização de forças na categoria dos carros médios no Brasil em breve.
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